terça-feira, março 27, 2007

Dentro da Maior Hidrelétrica do Mundo

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. As mundialmente famosas Cataratas do Iguaçu
Foto: © Daniel De Granville, 2007



À minha frente, um grupo de paraguaios come, bebe e canta efusivamente (ao menos eu presumo que são paraguaios porque o Paraguai é aqui do lado, mas pelos trajes não tem como saber, já que suas roupas não parecem nada típicas). Atrás da mesa deles, o conjunto – na verdade uma dupla de tecladista e vocalista – entoa um pout-pourri com versões instrumentais de eternos sucessos incluindo “Only You”, “Solamente Una Vez” e “Garota de Ipanema”. Um dos senhores da tal mesa ameaça levantar-se para cantar junto dos músicos. Seus amigos o incentivam, mas ele desiste. Até agora estou sem saber se achei bom ou ruim ele não ter ido em frente.

São 11 horas da noite, estou jantando no restaurante do hotel após um dia intenso de fotografias na área da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Este é o oitavo dia de um total de 25. Acabo de passar as fotos para o computador, editar as imagens, fazer backup e passar a limpo as anotações do dia – que foi bem longo, como sempre costuma ser.

Hoje fotografei um pouco de tudo: animais como jacarés e onça-pintada, viveiros de plantas, pessoas gordas e magras, rios, paisagens. Fotografei também um trabalho de resgate de peixes dentro da estrutura da usina.

Periodicamente, uma das 20 turbinas de Itaipu é desligada para manutenção, e então entra em campo a equipe de profissionais responsável por capturar e salvar peixes que porventura fiquem presos dentro da estrutura. Isto não estava na minha pauta, mas como eu imaginei que pudesse render boas imagens, lá vou eu me enfiar pelos dutos da maior usina hidrelétrica do planeta.

Nossa caminhada começa por uns longos corredores de concreto estreitos, úmidos, quentes e irregularmente iluminados, que por algum motivo me lembraram Dachau, na Alemanha (ainda bem que as semelhanças são apenas na parte estrutural). Nunca fui claustrofóbico, mas por alguns momentos senti algo estranho. E era só o começo...

Do primeiro corredor nós pegamos um elevador e rapidamente subimos cerca de 25 metros até um segundo caminho ainda mais estreito, que leva a uma escada em espiral amarela de metal, que leva a uma mini-sala cheia de alavancas, controles e medidores, que leva a uma espécie de escotilha, que finalmente leva a uma escadinha parecida com essas de piscina, por onde descemos na escuridão total. Pronto, lá estou eu dentro do duto. À minha frente, nada de paraguaios comendo e cantando e dançando, mas sim um paredão de aço cheio de rebites enormes que segura toda a água represada no Lago de Itaipu – ou quase toda, já que parte escorre pela tal parede e cai do teto em forma de goteiras, deixando o piso extremamente escorregadio. Uns cinco metros atrás de mim está um abismo de 40 m que termina na turbina. Resisto bravamente à tentação de perguntar quantos metros estamos abaixo da lâmina d’água – e o que aconteceria se alguém hipoteticamente esquecesse que estávamos lá dentro e abrisse as comportas. Desta vez – ao contrário da minha dúvida quanto ao senhor paraguaio cantar ou não – tenho a certeza de que foi melhor ficar quieto e apenas ouvir as instruções.

Dentro da usina - dois metros adiante, o abismo...
Foto: © Daniel De Granville, 2007


O técnico responsável pela operação de resgate dos peixes me dá a ordem expressa para não sair de perto dele, em hipótese alguma. Acho que ele se assustou um pouco comigo esta manhã, quando cheguei perto demais de uma mamãe jacaré com seus filhotes. Para tranqüilizá-lo, digo para não se preocupar, pois de bicho eu não tenho mesmo muito medo, mas essas coisas de usina e turbina e abismo escuro eu respeito.

E lá vai ele para baixo do paredão, puçá, lanterna e balde na mão, tentar salvar algum peixe na água empoçada. Busca lá, busca aqui, mas nada – felizmente todos os peixinhos daquela área parecem estar sãos e salvos. Fico contente por eles, mas meio frustrado por não ter conseguido uma boa foto do resgate.

Sem problemas, amanhã tem mais, vou novamente com o pessoal a um ponto “mais legal” (dentro da turbina!) e onde as chances de resgatar peixes presos no duto são maiores...

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sábado, março 17, 2007

As últimas neves da Baviera?

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. Foto colorida ou P&B?!
Foto: © Daniel De Granville, 2006


Ontem recebi um e-mail da Judith Schnaubelt, amiga jornalista que vive em Munique, é apaixonada pelo Brasil e nos entrevistou durante nosso projeto na Alemanha. Como não poderia deixar de ser, um dos assuntos que ela comentou foi sobre as mudanças climáticas.


À beira de uma estrada na Baviera
Foto: © Daniel De Granville, 2006



A previsão para hoje é de neve na Baviera. Já estamos em meados de março, mas esta é apenas a segunda vez que neva por lá este inverno! E pensar que na mesma época, há exatos 12 meses, eu estava tirando tais fotos...


Sol nascendo nos Alpes, divisa da Alemanha com a Áustria
Foto: © Daniel De Granville, 2006


Será que daqui a alguns anos elas valerão mais, não necessariamente pela qualidade artística, mas por serem registros raros? Acho que só o tempo dirá...



Poste de rua com luz "fria"
Foto: © Daniel De Granville, 2006



(Durante as próximas duas semanas eu estarei na região de Foz do Iguaçu-PR fazendo um trabalho fotográfico para a Itaipu Binacional – se tiver tempo e internet, eu mando notícias!)


Carro com ar-condicionado ecológico de fábrica!
Foto: © Daniel De Granville, 2006

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quarta-feira, março 14, 2007

Como Fotografar Aves!

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Está sendo um grande sucesso o Concurso Avistar – Itaú BBA de Fotografia: Aves Brasileiras, com mais de 1.500 fotos inscritas por quase 1.200 concorrentes até o momento! Na esteira deste grande resultado, o excelente site de jornalismo ambiental O Eco, parceiro do evento, publicou hoje uma reportagem bem didática, em forma de slideshow, com dicas minhas e de outros fotógrafos renomados sobre como fotografar aves, para dar um estímulo àqueles que ainda não inscreveram suas imagens e estão meio inseguros.

Aproveite, participe! As inscrições terminam no dia 10 de abril e a premiação total é de R$ 46 mil! Não deixe para a última hora...

[SAIBA MAIS]
AVISTAR 2007: II Encontro Brasileiro de Observação de Aves (no evento eu estarei ministrando um mini-curso sobre fotografia de aves).


Daniel De Granville fotografando um ninho de Harpias
na região do Parque Nacional da Serra da Bodoquena (MS)

(uma das fotos que fiz neste dia foi para o concurso!)

Foto: © Alexandre Pereira, 2006
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quinta-feira, março 08, 2007

De volta às aulas, de volta a São Paulo...

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Página de abertura da minha matéria sobre o Pantanal
publicada na Toyota Magazin (Alemanha)
FOTO © Daniel De Granville, 2006


Nos últimos tempos, o meu trabalho tem seguido naturalmente um rumo bastante ligado à área de comunicação – em especial a divulgação de temas científicos sobre meio ambiente – seja na atuação como fotógrafo, biólogo ou guia de ecoturismo.

Bons exemplos são as fotografias e matérias que publiquei em revistas como a Atualidades Ornitológicas (Brasil), Toyota Magazin (Alemanha) e no site da National Geographic (EUA), as publicações científicas sobre aves e conservação em RPPNs nas quais participei com autor, o Guia de Campo de Bonito e os trabalhos de campo com alunos do ensino fundamental e superior do Brasil e dos EUA.

Por estes motivos, ultimamente vinha pensando em fazer algum curso voltado à área jornalística, e assim me candidatei e fui selecionado para uma pós-graduação em Jornalismo Científico pela Unicamp. O curso dura um ano e meio, período durante o qual terei que me mudar da região do Pantanal e Bonito para os arredores de Campinas, SP.

Em breve, novidades sobre esta mudança súbita e muito positiva!


RPPN Cabeceira do Prata (Jardim, MS)
Foto publicada na Revista Horizonte Geográfico (Brasil)
FOTO © Daniel De Granville, 2005

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