Muitas vezes é difícil para “não-fotógrafos” entenderem as necessidades e exigências profissionais envolvidas em um bom trabalho fotográfico. Algo que em primeira análise parece preciosismo ou frescura pode acabar fazendo a diferença entre uma foto razoável, boa ou ótima. No caso específico de fotografia de natureza, saber aproveitar a melhor luz – no início da manhã e no final da tarde – é de longe o fator mais importante. Então, quando você depende de outras pessoas para chegar ao local onde vai fotografar, um pequeno atraso dela ou outro imprevisto podem estragar a sua seção fotográfica. E foi um fato assim que inspirou a foto de abertura deste texto.
Em uma postagem anterior eu comentei sobre como me sinto quando estou em campo a trabalho, da ansiedade gerada pela necessidade de se obter boas imagens dia após dia. Os prazos são curtos e sempre há muito pra se fotografar lá fora. Quando algo não funciona como planejado e eu me vejo dentro de um carro na estrada, enquanto a luz dourada do final da tarde vai acabando, bate uma certa aflição. Afinal, naquele exato momento eu deveria estar no meio de um cenário natural merecedor daquela luz, e não olhando o sol descer por entre os carros e o asfalto. Daí, na hora do desespero, fico procurando qualquer coisa que valha a pena fotografar para não deixar aquele instante passar em branco. Geralmente estas fotos ficam uma porcaria, mas às vezes sai algo interessante. E foi assim que vi o reflexo do sol pelo espelho retrovisor e o reflexo do reflexo no vidro lateral do carro...
PS.: Cabe lembrar que no Pantanal e na maioria das regiões brasileiras esta luz especial dura muito pouco, em comparação com outros lugares de latitudes maiores. Percebi isto claramente quando fotografei na Alemanha durante o inverno, onde a inclinação do sol me enganou e eu me peguei fotografando paisagens às 11 horas da manhã – um horário que, no Brasil, eu jamais me atreveria a tentar alguma boa imagem de ambiente externo.
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