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Atividade de campo complementando a teoria
Foto: © Daniel De Granville, 2008 “É incrível como a gente mora e trabalha aqui há anos, mas nunca reparamos nestas aves que estão aqui ao nosso lado todo dia”. Este foi um comentário recorrente dos alunos do
Curso de Observação de Aves que ministramos em Bonito (MS) na semana passada.
Direcionado principalmente aos guias de turismo locais, o curso contou com 18 participantes e teve um workshop paralelo voltado aos operadores de turismo, proprietários de meios de hospedagem e sítios turísticos. No total, entre alunos, profissionais inscritos no workshop e outros interessados, cerca de 40 pessoas participaram ao menos de alguma das atividades oferecidas.
O sorteio de 12 guias de campo para os alunos fez sucesso!
Foto: © Daniel De Granville, 2008 A programação incluiu temas como condução de grupos de observadores de aves, técnicas de identificação de aves em campo, equipamentos necessários, paisagens sonoras, jardim das aves e outros. Além de Daniel De Granville e Tietta Pivatto, instrutores da
Photo in Natura, palestrantes convidados como Vivian Ribeiro-Batista (Doutora em Botânica) e Fernanda Melo (Ornitóloga e guia especialista em Observação de Aves) acrescentaram experiências importantes ao conteúdo oferecido. O workshop mostrou a importância em se encorajar investimentos em estrutura para receber observadores de aves, um público que necessita de atendimento diferenciado.
Foram sete dias de trabalho, com aulas teóricas no período noturno e saídas de campo pela manhã, durante as quais foram observadas 161 espécies de aves. As visitas incluíram ambientes de ambiente urbano, mata ciliar, cerrados, banhados e Pantanal.
Artur Sutil, um dos guias participantes, admite que nunca tinha prestado muita atenção nas aves e agora está apaixonado pela atividade.
“Depois do primeiro dia do curso, eu estava em casa quando minha mãe começou a conversar comigo. No meio do papo eu ouvi uns passarinhos cantando lá fora no quintal e logo chamei a atenção dela, saí para ver quem estava fazendo aqueles sons. Ela não entendeu nada e achou que eu estava ficando doido”, diz, bem humorado.
Uma raridade observada durante saída de campo: um anu preto
com perda de cor, fenômeno conhecido como arlequinismo
Foto: © Daniel De Granville, 2008 Outros profissionais, como Taís Campos e Fernanda Reverdito (ambas nascidas em Bonito), afirmam que já procuravam mostrar as aves seus turistas enquanto guiavam os passeios regulares, mas após o curso sentem-se mais seguras para promover a atividade a clientes interessados. Ulli Braun, alemão radicado em Bonito trabalhando como intérprete, considerou importante a ênfase nos nomes científicos, pois
“ajudam muito no aprendizado”. Os guias Pedro Hardt e Miguel Ferreira ficaram fascinados pelo canto das aves, algo que nunca deram muita atenção e que despertou neles uma nova sensibilidade junto aos ambientes naturais.
A observação de aves, atividade já bastante difundida em países da Europa e América do Norte e que vem ganhando cada vez mais adeptos no Brasil, é comprovadamente uma ótima ferramenta para aumentar o interesse das pessoas pela natureza, gerar emprego e renda e fomentar a conservação dos ambientes naturais. Em Bonito, as próximas etapas sugeridas pelos participantes e instrutores incluem a definição de uma ave-símbolo para o município, a criação do Dia Municipal das Aves e a realização de novos cursos nos mesmos moldes, tanto para os já iniciados no tema como para os praticantes novatos, dentro do conceito de se criar uma “cultura das aves” junto à comunidade.
O belo Udu, um forte candidato a Ave-Símbolo de Bonito!
Foto: © Daniel De Granville, 2005 A região de Bonito oferece ótimo potencial para esta modalidade turística, já que possui algumas aves difíceis de se encontrar em outros locais e bastante valorizados pelos observadores, como o udu e o periquitinho-da-serra; espécies típicas do Cerrado, como a gralha-do-campo e até mesmo a popular seriema; e algumas que só ocorrem em matas ciliares, como o soldadinho e o fura-barreira. A estrutura da cidade hoje já permitiria a operação experimental de roteiros de observação, atividade que pode ser realizada em paralelo aos passeios regulares e em qualquer época do ano, melhorando a questão da sazonalidade. É hora de arregaçarmos as mangas e as aves abrirem suas asas!
Gralha-do-Campo, espécie que só ocorre no Cerrado
Foto: © Daniel De Granville, 2008 SAIBA MAIS SOBRE AS AVES DE BONITO E REGIÃO:
Observando Aves no Planalto da Bodoquena, por Tietta Pivatto
Lista de Aves do Planalto da Bodoquena (PDF para download)
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