sábado, setembro 26, 2009

26 de Setembro de 1969

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.26 de Setembro: Parabéns, Abbey Road!


Sessenta e Nove foi um ano agitado, dizem. Basta ficar de olho nos noticiários da TV ou da internet esses dias: parece que diariamente algum evento está completando 40 anos. Inclusive eu...

Naquele ano em que nosso país estava no auge da ditadura militar, o homem pisou na lua, os hilários Monty Python apareciam pela primeira vez na televisão, Pelé fazia seu milésimo gol, o Concorde e o 747 – aviões que povoaram meus sonhos de moleque – levantavam seus primeiros voos, o Jornal Nacional estreava na TV, o embaixador dos EUA Charles Elbrick era capturado pelo MR8.

2009: Woodstock, 40 anos!


Nasci no começo da primavera de 1969, pouco mais de 1 mês após o lendário festival de Woodstock. Mais Flower Power impossível... Exatamente no mesmo dia em que eu via a luz pela primeira vez, os Beatles lançavam um dos mais famosos discos da história do rock, Abbey Road, aquele onde os “Fab Four” apareciam na capa atravessando uma faixa de pedestres. Hoje perguntei a minha mãe se ela se lembra do episódio, mas naquela época as notícias viajavam muito mais devagar do que nos atuais tempos de internet.

É, não me lembro muito bem, mas pelo jeito 1969 foi mesmo muito importante. Pelo menos para mim...

Eu, em algum lugar do passado.
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quinta-feira, setembro 17, 2009

Meu jardim é cheio de bichos

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.Fotografei esse quati de dentro da minha cozinha. Ele estava a menos de 2 metros de distância e a foto foi feita com uma lente de 100 milímetros.
Foto: © Daniel De Granville, 2009


Da minha mesa, onde passo boa parte do dia em frente ao computador quando não estou em campo, vejo quase todo o jardim e o quintal de casa. Enquanto dou andamento à construção de meu novo site, respondo e-mails, edito fotos e faço outros trabalhos, consigo observar as 24 espécies de aves que já vieram se alimentar dos grãos, restos de frutas e água que colocamos para elas diariamente. No total, já identificamos 77 espécies que passam pela nossa casa ou cantam pertinho daqui. Tem arara, tucano, urutau, coruja, papagaio, seriema, tico-tico, sanhaço. Se contarmos todas as aves do bairro, são 113. Mas aqui tem muito mais do que passarinho.

Boipeva, uma das cobras que já nos visitou no quintal -
e até mostrou a língua pro dono da casa.
Foto: © Daniel De Granville, 2009


O lagarto teiú, com seu quase um metro de comprimento, vem se arrastando tranquilamente pelo gramado, meio que camuflado pela sombra das árvores. Para nossa surpresa e espanto geral dos gatos, sem cerimônia ele sobe um degrau e entra na cozinha pra filar uma bóia, no caso o resto da ração dos bichanos. Tento me levantar discretamente da mesa para pegar minha câmera e filmar a cena. Não consigo, ele assusta e sai em disparada, com um dos gatos arrepiado observando tudo sem entender nada. Logo depois, lá está nosso teiú novamente refrescando-se dentro da vasilha de barro que usamos para colocar água pros bichos. Mas ele é muito comprido para o recipiente, então fica com a barriga submersa e um monte de rabo e cabeça sobrando pros lados. Novamente, ele é mais rápido que eu e vai embora antes que eu consiga uma foto...

A única imagem que conseguimos até agora do teiú invasor :-)
Foto: © Daniel De Granville, 2009


Alguns meses atrás foi o tamanduá-bandeira passando ao lado da cerca dos fundos, às 3 da tarde, a menos de 10 metros de onde sento para trabalhar. Semanas depois veio o tamanduá-mirim, surpreendido pelos faróis do carro enquanto rastejava por baixo da porteira de entrada da garagem, ao chegarmos em casa à noite . Nem se assustou, entrou no jardim e calmamente subiu na árvore. As três cotias já são presença constante (a mãe e dois filhotões que acompanhamos desde que eram pequenos), bem como os quatis que vira e mexe nos fazem uma visitinha. Tem ainda a inofensiva cobra cipó que um dia apareceu no vaso sanitário e as pererecas que vivem coaxando pela casa. Assim, além das aves já contabilizamos 11 espécies de mamíferos e 9 de répteis por aqui. Os gatos parecem já ter se acostumado e vivem conformados em compartilhar o espaço com tanta criatura diferente.

Tamanduá-mirim pego em flagrante enquanto
invadia o jardim pela porta de entrada.
Foto: © Daniel De Granville, 2009


Não, nós não moramos em uma fazenda no meio do mato. Estamos a menos de 2 km do centro de Bonito, em um dos últimos fragmentos de mata e cerrado que restam no entorno da cidade. Esta abundância me levou a criar, meses atrás, uma comunidade no Orkut dedicada ao tema. A ideia é trocar experiências sobre como tornar nossos jardins mais amigáveis para os animais, compartilhar fotos feitas ao redor de sua casa e discutir maneiras de evitar que os bichos fiquem "folgados demais" podendo se tornar um problema. Participe deste movimento, tenha você também um jardim (ou mesmo sacada do apartamento) que siga os conceitos de "animal friendly", como o termo é conhecido lá fora. O prazer de passar o dia-a-dia junto à vida selvagem é indescritível!

Leia o excelente texto do amigo passarinho Guto Carvalho
que traduz um pouco deste sentimento.

O jardim que faz a alegria da bicharada.
Clique aqui para nos ver de perto!
Foto: © Daniel De Granville, 2009

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sábado, setembro 12, 2009

Pânico Tecnológico na Amazônia

Quase que nem eu, nem você, conseguimos ver
as fotos desta postagem...
Foto: © Daniel De Granville, 2009


Há pouco mais de 3 anos, em julho de 2006, postei aqui no blog um texto que continha o seguinte trecho, sobre a vida de fotógrafo em campo: “... assim como você sofre, o mesmo acontece com o equipamento fotográfico, que é extremamente caro e sensível. Uma falha mínima e todo o seu trabalho pode estar perdido. Isto me deixa em um constante estado de tensão quando estou em campo, até que a fotografia esteja finalmente salva no computador, impressa no papel ou entregue ao cliente...”.

Confesso que o tal "estado de tensão" nunca havia se justificado na prática, já que todos os problemas de ordem tecnológica que enfrentei no mato foram coisas de menor gravidade e facilmente solucionados. Mas esta semana foi diferente.

Acabo de voltar da Amazônia, onde estava realizando a cobertura fotográfica de um evento com médicos de várias partes do planeta. Meu contrato com os promotores previa a realização das fotos durante os 4 dias do encontro, tendo como produto final 100 cópias de um DVD para ser entregue a todos os participantes no encerramento. A correria para cumprir os prazos beirava a insanidade, já que precisava fotografar as atividades durante os três períodos do dia, selecionar e editar as imagens - incluindo algumas feitas por outros participantes - e organizar tudo para queimar os 100 discos na noite final. Além disto tudo, tinha atribuições como um dos guias do grupo - já seria complicado o suficiente se tudo desse certo.

Crianças da comunidade indígena Sateré-Mawê
Foto: © Daniel De Granville, 2009


Na segunda noite de atividades, antes de ir dormir, dei uma pré-editada nas fotos dentro da própria câmera, para já adiantar o serviço. Até então estava tudo bem. Mas no dia seguinte, ao colocar o cartão de memória no leitor para baixar as fotos para o computador, desagradável surpresa: cadê aquelas fotos do primeiro jantar do grupo com o show musical?! E as dos macacos?! Sumiram!!! Das cerca de 200 imagens que deveriam estar lá, apenas 60 apareciam. Desespero, pânico total. Hora de tentar manter a calma e buscar uma solução. Fácil falar...

O primeiro pensamento lógico: se ontem à noite, quando editei na câmera, as fotos estavam todas lá, basta então colocar o cartão de memória direto nela e baixar as fotos usando o cabo USB, ao invés de usar o leitor que deve estar com alguma dificuldade em ler os dados do cartão. Nada feito. Como num passe de mágica (magia negra!) aquelas tais fotos não apareciam mais na câmera também.

Por uma afortunada seqüência de eventos, após mais de duas horas consegui salvar as fotos. Imagine eu em uma pousada no meio da floresta, pesquisando no Google com uma conexão de internet mais instável do que o clima amazônico, sobre programas para recuperação de dados em cartões de memória. E o tempo correndo, o horário da próxima atividade que eu precisava fotografar se aproximando. Primeiro pesquisei programas gratuitos, depois estava até disposto a pagar o quanto fosse necessário, com meu cartão de crédito, para comprar um programa que salvasse a minha pele. E tinha que ser um programa leve, pois se fosse algum arquivo grande eu jamais conseguiria baixá-lo com a conexão oscilando.

Já que senti um alívio indescritível ao ver as minhas imagens recuperadas, seguem detalhes de como consegui a façanha. Espero que não, mas se um dia você também passar por isto, aqui vai a solução que me serviu e pode lhe ajudar.

Encontro das águas dos rios Negro e Solimões
formando o Amazonas
Foto: © Daniel De Granville, 2009


1) Detalhes do equipamento que deu problema: câmera Canon EOS 30D, cartão de memória compact flash Kingston Elite Pro de 4GB, fotos feitas no formato RAW + JPEG com tamanho e qualidade máximas.

2) Software gratuito de recuperação de imagens que usei com sucesso: Zero Assumption Recovery (ZAR 8.4), disponível para download aqui. Este link tem um tutorial em inglês sobre como usar o programa (que, apesar de ser uma versão demo, não tem limitações no caso de recuperação de imagens).

3) DICAS IMPORTANTES: (a) assim que o problema for detectado, pare imediatamente de gravar dados (ou seja, fotografar) com este cartão, pois isto pode inviabilizar definitivamente a recuperação das fotos; (b) o ZAR 8.4 funciona de maneira mais eficiente se o cartão de memória for acessado a partir de um leitor de cartões ao invés de usar a câmera com o cabo USB; (c) ele salva as imagens RAW como se fossem TIF, depois basta renomear a extensão dos arquivos de acordo com o formato nativo de sua câmera (CR2, NEF, ORF, etc) e editar normalmente como RAW. A maneira mais rápida e prática para mudar a extensão dos arquivos é o programa gratuito Extension Changer (download disponível aqui).

4) Eficiência: o programa encontrou até fotos que haviam sido tiradas por mim em fevereiro deste ano (7 meses atrás) e posteriormente deletadas através da formatação do cartão!

Passado o susto, DVDs entregues e cliente satisfeito, é hora de começar a pesquisar as possíveis causas do problema: Calor? Umidade? Defeito no cartão? Na câmera? No leitor? No computador? Após o ocorrido eu não fotografei mais com este cartão, mas usei a câmera com outra mídia e tudo correu bem. Não sei até quando...


Floresta Amazônica com as árvores tachi em flor
Foto: © Daniel De Granville, 2009

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