quarta-feira, janeiro 20, 2010

“Perereca ao meio-dia!”


.
.perereca observando o mundo por detrás do relógio da sala"Não vejo a hora..."
Foto: © Daniel De Granville, 2010


Uma dica de campo bastante difundida entre os guias de turismo que conduzem grupos de observadores de fauna é a chamada “técnica do relógio”. Provavelmente herdada das estratégias de orientação militar, consiste em facilitar a localização de uma ave ou qualquer outro animal nos arredores, criando um relógio imaginário e usando a posição de seus ponteiros para indicar o bicho. O “relógio” pode ser utilizado na vertical ou na horizontal, em uma árvore ou no horizonte, por exemplo.

Assim, acabamos nos acostumando a expressões inicialmente sem sentido como “tucano às três horas”, “macaco ao meio-dia”, “arara às cinco e meia”. Mas o que isto tem a ver com a postagem de hoje?

técnica do relógio utilizando uma árvore
técnica do relógio utilizando a paisagem natural
Técnica do relógio utilizando uma árvore (esq) ou a paisagem natural (dir)
Foto e arte: © Daniel De Granville, 2010


Pois tem uma perereca-grudenta (Trachycephalus venulosus) que é moradora habitual da nossa casa, mas agora decidiu se alojar atrás do relógio de parede. Praticamente toda manhã, por volta de 10h30, ela dá as caras por lá e fica sentada no topo do relógio da cozinha, contemplando nossa rotina e inspirando fotos como esta... Agora, veja a primeira imagem e me diga: devo indicar “perereca ao meio-dia” ou “perereca às dez-para-as-onze”? :-)

perereca grudenta repousando em um ramoA mesma espécie, mas desta vez na mata ciliar
Foto: © Daniel De Granville, 2003

.
.
.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Por que morar no mato

.
.
teste de legibilidade da legendaLouva-a-deus limpa suas antenas
e faz pose para o fotógrafo
Foto: © Daniel De Granville, 2010


Hoje vou retomar um assunto que até já abordei aqui, mas sob uma ótica diferente. Dentro do processo de estruturação de nossa empresa, decidimos contratar uma consultoria empresarial básica através do Sebrae, que nos indicou a empresa local Bionúcleo para executar a tarefa.

Fiquei imaginando um filme de terror tosco tipo
"A Invasão dos Besouros Assassinos" :-)
Foto: © Daniel De Granville, 2010


Uma das atividades da consultoria inclui a listagem dos pontos que consideramos fortes como um diferencial dentro da nossa estrutura. Fomos unânimes em indicar como positivo o fato de vivermos em uma região onde os recursos naturais ainda estão bastante presentes, ou seja, onde ainda há ambientes protegidos. Levamos em conta o Cerrado de Bonito, o Parque Nacional da Serra da Bodoquena e o Pantanal. E, é claro, o local onde estabelecemos nossa casa e nosso escritório.


Agradecimentos especiais à Tietta,
que literalmente "deu sangue" para eu fazer esta imagem...
Foto: © Daniel De Granville, 2010


A conclusão é simples: além de propiciar uma boa qualidade de vida, para nós que vivemos essencialmente do trabalho com recursos naturais, morar perto do mato é uma vantagem e até uma necessidade. No meu caso, devido à fotografia de natureza e os roteiros especializados de ecoturismo; para a Tietta o fato de haver aves por perto e entidades que necessitam projetos de pesquisa ou empresas interessadas em mostrá-las a seus clientes.

E o medo desse bicho pular no meu dedo
quando a câmera estava a uns 20 cm de seu ferrão?!
Foto: © Daniel De Granville, 2010


Um dos melhores exemplos está ilustrado nas fotos desta postagem: todas as imagens - aliás, as primeiras de 2010! - foram produzidas sem ter que sair de casa e com objetivos profissionais/comerciais. Afinal, estas fotografias estão disponíveis para venda em meu banco de imagens e muito provavelmente serão utilizadas no nosso Guia de Campo Pantanal e Bonito. Para consegui-las eu não tive que usar muito tempo em pesquisa ou deslocamentos, não gastei combustível e nem emiti CO2 por sua queima – coisa que não aconteceria se morássemos em São Paulo ou qualquer outra cidade onde a natureza está cada vez mais longe.

Besouro com cara de tamanduá...
Foto: © Daniel De Granville, 2010

.
.