sexta-feira, setembro 08, 2006

Mais do que Turismo

Iguana ou Sinimbu, um dos maiores lagartos das Américas | FOTO: © Daniel De Granville, 2006


Dentre as diversas vertentes do chamado turismo de natureza, algumas ganharam notável destaque nos últimos anos, resultando em programas que são conhecidos como “roteiros customizados” (ou “personalizados”). Devido a minha formação como biólogo, guia naturalista e fotógrafo, cada vez mais eu venho me dedicando a estes trabalhos, junto com os colegas da Hot Spot Brasil (cuja especialidade são atividades dentro da linha de ecoturismo, fotografia de natureza, expedições exclusivas, turismo científico e observação de aves).



Tenho sido constantemente solicitado para conduzir grupos com objetivos mais específicos do que simplesmente participar de passeios dentro de uma programação convencional, e foi assim que passei os últimos 20 dias no Pantanal, coordenando uma viagem de Estudo do Meio com alunos de 8a série do Colégio Santa Cruz, em conjunto com a Ambiental Expedições (ambas de São Paulo).

A programação de atividades é intensa e organizada de modo a despertar o instinto investigativo nos alunos. Ao realizarem as saídas a campo utilizando os meios tradicionais de se locomover pelo Pantanal, eles têm alguns objetivos pré-determinados a cumprir, além de coletar outras informações que julguem de interesse. Assim, o que é originalmente denominado “passeio” adquire contornos de pesquisa científica. Fazem censos de animais, análises de água e solos, estudos sócio-econômicos sobre a região, pesquisas sobre a vegetação. Ao voltarem para a pousada, concluem a saída a campo com elaboração de relatos de viagem, gráficos e desenhos esquemáticos, além de reuniões gerais para discutir o que observaram durante o dia.


Aluna coleta molde de pegada de animal em gesso | FOTO: © Daniel De Granville, 2005


No que depender do entusiasmo e seriedade com que estes alunos encararam as atividades, podemos manter a esperança de que o futuro do Pantanal pode estar garantido se ao menos uma parcela destes estudantes se tornarem profissionais que lutam pela conservação. É evidente o poder de sensibilização de tais viagens de estudo, e digo isto com conhecimento de causa – afinal, foi uma expedição como esta que me fez decidir pela Biologia como profissão.

FOTO: © Daniel De Granville, 2006

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