quinta-feira, agosto 07, 2008

Uma Dúzia de Sucuris

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.Já vimos esta e mais onze...
Foto: © Daniel De Granville, 2008


O nome já diz tudo: capim-navalha. Esta gramínea, abundante em áreas de brejo, tem folhas com bordas extremamente afiadas, onde um leve esbarrão com o dedo é o suficiente para ganhar um corte que parece ter sido feito por uma lâmina. Pois é este um dos ambientes prediletos da sucuri, a mais pesada e uma das maiores serpentes do mundo. Estou há uma semana em Bonito (MS) à procura delas, junto com o premiado fotógrafo israelense Amos Nachoum e seu entusiasmado aprendiz/assistente John.

Como se não bastasse o hábito peculiar de se esconder no meio das folhas cortantes, o período mais propício para encontrá-las é durante as horas mais quentes do dia, quando ficam expostas ao calor forte para se aquecerem. Ou seja, tenho passado os últimos dias subindo e descendo riachos e caminhando no meio do brejo lamacento debaixo do sol escaldante (o inverno passou longe daqui este ano). No final do dia os pés enrugados e brancos contrastam com as mãos e braços cheios de pequenos e inevitáveis cortes. A visão do paraíso é complementada por micuins (minúsculos carrapatos que mais parecem grãos de poeira ambulantes) e borrachudos sedentos. Nosso objetivo é conseguir imagens inéditas de sucuris – debaixo da água, de preferência. Hoje é o sétimo dia da expedição e já conseguimos encontrar doze “anacondas”, como elas são conhecidas em inglês. Mas ainda não temos as fotos que precisamos.

À noite as buscas continuam...
Foto: © Daniel De Granville, 2008


Apesar das adversidades, dar de cara com as sucuris em um ambiente de paisagens maravilhosas - água cristalina cheia de peixes e vegetação com muitas aves coloridas completando o cenário - tem sido fascinante e compensa todo o esforço. Hoje tivemos o melhor encontro de toda a viagem: estávamos com o barco encalhado em uma forte corredeira, debaixo de uns troncos cheios de espinhos, quando John olha para trás e anuncia calmamente, com sotaque de gringo, mas falando em alto e bom português: “sucuri”...

Lá estava ela, majestosa, com alguma capivara azarada dentro do bucho, olhando para a gente sem entender muito bem aqueles malucos com roupas esquisitas e câmeras enormes invadindo sua intimidade. Quando nadou calmamente ao lado do nosso barco de seis metros, Amos, enterrado na lama até a cintura e rodeado por moitas do tal capim-navalha, fez os cálculos: “eu conseguia ver o corpo ao longo de todo o barco, o resto da cauda ainda ficava para trás e eu não conseguia enxergar a cabeça”. Agora é sua vez de estimar o comprimento da criatura. Quanto ao diâmetro, digamos assim: nem que tivesse um ataque de loucura e fosse tentar, eu não conseguiria abraçá-la.

Quem procura, acha.
Foto: © Daniel De Granville, 2008


Amanhã a busca continua e na próxima semana é hora de deixarmos Bonito rumo ao Pantanal à procura de onças e piranhas, para depois seguirmos até a Amazônia, onde pretendemos fotografar botos-cor-de-rosa.

Sim, a foto ficou bacana!
Foto: © Daniel De Granville, 2008
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2 comentários:

  1. Anônimo16:02

    Pode até ser que não consigam "A FOTO", mas o privilégio de estar num dos rios mais bonitos do Brasil e ainda conseguir ver 12 cobronas dessas, já vale muito!!!!
    Boa sorte aí com o capim navalha, micuins e pernilongos. Ainda bem que são eles a te atacar, e não uma sucuri esfomeada!! ;-)
    Tietta

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  2. Anônimo18:20

    Olá Daniel!!!!!!!!!

    Que aventura! Que trabalho!
    Fico feliz em saber que vc está realizando um trabalho tão interessante. Por aqui também aparece de vez em quando alguma "anacondinha"(jibóia na verdade). Fique com Deus. Abraço.Rosa Lucia

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