Foto: © Daniel De Granville, 2011
As sábias palavras e o semblante preocupado de “Seu” João, pantaneiro que vive com a família às margens do Rio Paraguai, não deixavam dúvidas: este ano a cheia no Pantanal vai ser grande. “Daqui uns dias nós vamos ter que montar acampamento e sair daqui, a água está chegando na porta de casa. Esta noite um jacaré e uma sucuri mataram duas das nossas melhores galinhas bem aqui na varanda, não deu nem tempo de fazer muita coisa. Pelo menos a galinha que o jacaré pegou nós conseguimos tirar da boca dele e vamos comer hoje, mas deste jeito fica difícil”, dizia.
Foto: © Daniel De Granville, 2011
Em boa parte dos dez dias que passei no Pantanal (retornei ontem), percebi bem o que Seu João quis dizer: durante o curso “Capacitação para condução de observadores de aves no Pantanal”, que eu, Tietta e Vitinho ministramos em Miranda (MS), a chuva não interferiu em nada na nossa programação, mas o nível das águas pantaneiras era de se admirar. Na outra metade deste tempo, quando fiquei fotografando o trabalho de duas equipes de pesquisadores em uma reserva particular na fronteira de Mato Grosso do Sul com Mato Grosso e Bolívia, aí sim a água veio com tudo. O nível do Rio Paraguai subia da noite para o dia em frente ao nosso alojamento e as chuvas torrenciais nos ensopavam nos trabalhos de campo, mostrando que realmente esta estação das cheias vai ser intensa.
Estrutura minuciosamente planejada com a equipe de apoio
para eu poder fotografar os pesquisadores!
Foto: © Ale Bertassoni, 2011
para eu poder fotografar os pesquisadores!
Foto: © Ale Bertassoni, 2011
Esta chuvarada toda, o calor intenso e a umidade absurda (fora as nuvens de mosquitos, claro) atrapalharam um pouco os trabalhos, com falhas no equipamento fotográfico e poucas possibilidades de boas fotos de paisagens. Dificultavam também a tarefa de subir e descer morros junto com os pesquisadores para documentar suas pesquisas de campo, com os 21 kg de equipamento que tive de carregar para poder fazer os registros adequadamente.
Foto: © Daniel De Granville, 2011
Já no final da expedição, quando tudo parecia mais sossegado,
entramos com nosso barco nesta tempestade no Rio Paraguai.
Foto: © Daniel De Granville, 2011
entramos com nosso barco nesta tempestade no Rio Paraguai.
Foto: © Daniel De Granville, 2011
Por outro lado, as chuvas me revelaram mais uma surpresa, das tantas que sempre presencio cada vez que vou ao Pantanal: cachoeiras nos paredões da Serra do Amolar e pequenas cascatas em córregos temporários que lembravam até algumas cenas da Mata Atlântica. Mas difícil mesmo (claro que nada comparado às situação do Seu João!) é voltar pra casa e fazer as pessoas acreditarem nas minhas histórias de cachoeiras, cascatas e escaladas de morros pedregosos em plena planície pantaneira...
Nenhum comentário:
Postar um comentário