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Toda vez que penso na Amazônia, me lembro de sua grandiosidade, uma terra de superlativos: a maior floresta tropical, o maior rio, as maiores árvores... Mas desta vez, me esforcei para prestar atenção nos pequenos detalhes, aqueles que quase sempre passam despercebidos frente à exuberância de tudo ao redor.
Foto: © Daniel De Granville, 2011
Estávamos em uma reserva ambiental do PDBFF/INPA onde são feitos estudos ligados à fragmentação de ambientes florestais na região amazônica. Como esta não é uma expedição fotográfica (estou guiando um grupo da Ambiental composto por estudantes e professores dos EUA), nem pensar em ficar horas esperando os passarinhos posarem para minhas fotos. Fotografei o que achava mais interessante e que não demandasse muito tempo, ou seja, coisas bacanas que todos estavam vendo, curtindo – e fotografando também.
Uma simples folha de palmeira abriga grande variedade
de musgos e fungos que crescem em sua superfície.
Foto: © Daniel De Granville, 2011
de musgos e fungos que crescem em sua superfície.
Foto: © Daniel De Granville, 2011
Assim, dentre outros caprichos amazônicos, nos deparamos com duas situações que, de tão espetaculares, pareciam irreais. A primeira delas foi durante caminhada até uma lagoa, onde encontramos nada menos do que formigas que caminham tranquilamente embaixo da água! Lá estávamos nós em cima de um tronco caído sobre a lagoa, quando notamos um grupo de formigas que, sem a menor cerimônia, entravam e saíam da água caminhando sobre o talo submerso de uma enorme folha de palmeira. De vez em quando, uma se soltava e boiava até a superfície, talvez para tomar fôlego...
Pra não dizer que estou mentindo, aí estão as tais "formigas mergulhadoras"!
(...que falta faz uma pequena câmera subaquática nestas horas...)
Foto: © Daniel De Granville, 2011
(...que falta faz uma pequena câmera subaquática nestas horas...)
Foto: © Daniel De Granville, 2011
Depois desta visão tão bacana, foi a hora de fazermos uma caminhada noturna pela mata, em busca de fungos bioluminescentes. Mal saímos do acampamento, apenas para nos afastarmos da luz, e já começamos a ver umas manchas que acendiam o chão sobre as folhas caídas. Em um primeiro momento parecia apenas a luz do luar passando por entre a copa das árvores, mas depois constatamos que eram milhares de minúsculos esporos de fungos que brilhavam no escuro, algo parecido com aqueles interruptores de lâmpada que temos na parede de casa.
Durante o dia é apenas serrapilheira - à noite, parece um chão estrelado.
Acredita-se que a bioluminescência dos esporos dos fungos atraia alguns
insetos, que acabam involuntariamente dispersando-os.
Foto: © Daniel De Granville, 2011
Acredita-se que a bioluminescência dos esporos dos fungos atraia alguns
insetos, que acabam involuntariamente dispersando-os.
Foto: © Daniel De Granville, 2011
Resultado do dia: vimos árvores com dezenas de metros de altura, macacos com alguns quilos de peso, florestas a perder de vista - mas o que mais nos fascinou foram pequenas formigas e esporos de fungos praticamente invisíveis...
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