quinta-feira, novembro 30, 2006

Dando Sangue pela Natureza

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. Um "lote" de micuins, a fase jovem (larval) do famoso carrapato
FOTO © Marja Milano, 2006


Estes são alguns registros das situações que fazem parte do dia-a-dia dos fotógrafos de natureza e pesquisadores, personagens que se dedicam com afinco a colher e divulgar imagens e informações sobre nossos bichos, plantas e paisagens!

Maaaaaaaais micuins...
FOTO © Tietta Pivatto, 2006


“Mas não existe repelente?”. Até existe; vira e mexe a gente ouve falar de alguma fórmula caseira “milagrosa” para combater estas criaturas indesejáveis. Algumas funcionam, mas outras... Um dos cuidados que se deve ter é com relação a substâncias químicas que podem atacar partes plásticas dos equipamentos de campo (câmeras, binóculos, etc), além de produtos que podem ser muito fortes e comprometer a sua própria saúde ou causar reações alérgicas (portanto, é sempre bom testar antes de ir a campo).

... um pouquinho de mosquitos...
FOTO © Daniel De Granville, 2006


“E doenças transmissíveis?”. Sim, esta também é uma preocupação importante para quem trabalha em ambientes naturais, portanto deve-se sempre buscar previamente informações sobre a localidade para onde se pretende ir, incluindo a necessidade de vacinas, medicamentos e outros cuidados adicionais.

Mas também temos que ter muito bom-senso para não nos tornarmos paranóicos quanto a estas coisas – afinal, já bastam as neuras urbanas de assalto, poluição, acidente de carro... Na natureza os perigos são bem menores, e os prazeres são indescritíveis!

... e o que os micuins deixam pra trás depois da festa.
FOTO © Daniel De Granville, 2006



SAIBA MAIS:

Núcleo de Medicina de Viagem da UFPE


Medicina do Viajante
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terça-feira, novembro 28, 2006

Você Tem Fome de Quê?

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. Não deixe de provar nossa deliciosa torta de limão...
FOTO © Daniel De Granville, 2006



Ultimamente tenho recebido pedidos para fotografar algo inédito para mim: alimentos como sucos, porções e pratos de restaurantes – e confesso que estou me “divertindo” bastante com o novo desafio! É totalmente diferente de fotografar bichos e paisagens no meio do mato. Toda a logística de luz, composição, equipamentos utilizados é outra.

"Ok, você venceu: batata frita!"
FOTO © Daniel De Granville, 2006



A iluminação fica 100% sob meu controle, já que as fotos são feitas em estúdio. Assim, não há necessidade de madrugar para estar no local da fotografia antes que a melhor luz apareça, como acontece na natureza. Pelo contrário, geralmente o trabalho começa mais tarde do que o habitual, pois os alimentos têm que ser preparados na hora, para manterem o aspecto saudável e de frescor.

Para a sobremesa, bolo Floresta Negra
FOTO © Daniel De Granville, 2006



Mas não dá pra dizer que é um serviço tranqüilo: tem que trabalhar muito rápido para garantir que o sorvete não derreta, o suco não separe em duas partes (polpa e água), a pizza não esfrie e fique com aspecto de ressecada. Isto é especialmente importante considerando que a iluminação de estúdio gera muito calor. E, ao mesmo tempo, tem que garantir detalhes como a composição ideal para tornar a foto apetitosa, a limpeza da borda do copo evitando respingos, a remoção de manchas nos pratos, pois se não cuidar essas coisas acabam estragando a fotografia.

Mas o melhor de tudo, sem dúvida, é poder saborear todas essas guloseimas após elas terem sido fotografadas!

"Aquela" torta lá de cima, antes de ser cortada
FOTO © Daniel De Granville, 2006


terça-feira, novembro 21, 2006

Mais uma vez, o Pantanal...

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. Foi uma prima desta senhorita aí de cima que quase arrancou
um naco do meu dedo do pé domingo passado...
FOTO © Daniel De Granville, 2006



Esta semana inteira sem postagens no FotogramaBlog ocorreu devido a duas viagens que realizei pelo Pantanal nos últimos dias. Uma delas foi especialmente interessante, onde eu guiei o fotógrafo britânico Mark Hannaford, que também é diretor da Across the Divide, uma companhia baseada na Inglaterra cuja especialidade são expedições de aventura com caráter filantrópico e corporativo.

Além de uma respeitável mordida de piranha no dedo do pé, nestas viagens eu consegui algumas imagens bacanas que podem ser conferidas na Galeria do Mês (Nov.2006) do meu site. Aproveite!
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segunda-feira, novembro 13, 2006

Criaturas da Noite

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.Jacarés-do-Pantanal (Caiman yacare) alimentando-se no início da noite
FOTO © Daniel De Granville, 2004


Um bom desafio para fotógrafos de vida selvagem é conseguir boas imagens de espécies com hábitos noturnos. Dentre as dificuldades, eu destaco o próprio ato de encontrar o bicho na escuridão, a necessidade de fornecer iluminação suplementar para poder fazer a fotografia e a busca por um enquadramento ou cenário que torne a imagem especial, fugindo do lugar-comum.

No Pantanal, é bastante praticada uma atividade turística chamada “focagem noturna”, na qual se percorre estradas ou rios (de carro ou barco) munido de faroletes fortes, popularmente denominados “cilibins”. É sem dúvida a melhor maneira para encontrar animais como lobinhos, jaguatiricas, corujas, curiangos, jacarés e muitos outros. Além de ajudar na busca, a luz do cilibim pode ser útil tanto para ajudar a fazer o enquadramento e o foco, como para iluminar o objeto da fotografia.


Morcego-beija-flor (Phyllostomidae/Glossophaginae) se aproveitando
de um bebedouro para aves na Mata Atlântica
FOTO © Daniel De Granville, 2005



Falando em iluminação, quase sempre será obrigatório utilizar o flash (que eu considero nada mais do que um “mal necessário”), a não ser que o bicho esteja bastante perto, o cilibim seja bom, sua lente seja clara e o ISO esteja regulado nas sensibilidades mais altas.

Uma imagem mais criativa pode ser obtida “brincando” com os tempos de exposição para aproveitar a luz ambiente, ou usando recursos do próprio flash, ou ainda através de técnicas curiosas como o “light painting”. Vale lembrar que, pelo fato de estar mostrando criaturas menos conhecidas do público em geral (por serem noturnas), este tipo de fotografia pode encantar o observador mais facilmente do que uma foto de cena diurna.

Por fim, o detalhe mais importante: a procura de animais durante a noite deve ser muito criteriosa para evitar perturbações excessivas sobre os mesmos. Uma luz forte, utilizada insistentemente e durante um período crítico, pode atrapalhar a alimentação e reprodução de um animal noturno, ou ainda deixá-lo mais vulnerável ao ataque de um predador. Se o animal for de hábito diurno e estiver descansando, o uso destes recursos deve ser terminantemente evitado.

Coruja-orelhuda (Rhinoptynx clamator), espécie que prefere
áreas abertas e cuja dieta inclui morcegos-vampiros
FOTO © Daniel De Granville, 2006
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sexta-feira, novembro 03, 2006

Gravação de Sons Naturais

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.O ronco do bugio (Alouatta caraya) é um dos sons
mais impressionantes das nossas matas
clique para ouvir!

FOTO © Daniel De Granville, 2005




Uma outra forma de registrar a natureza, que desenvolvo paralelamente à fotografia, é a gravação de sons naturais, em especial vozes de aves, mamíferos e insetos, além de cachoeiras, tempestades e outros.

Quando estamos em regiões onde há presença significativa de vida silvestre, logo começamos a perceber a riqueza sonora que nos rodeia. Com destaque para as aves, a diversidade de sons agradáveis, curiosos ou até incômodos é uma constante em lugares onde os animais ainda convivem com o homem. E às vezes, isto pode acontecer até mesmo em um grande centro urbano.

Com o tempo, a atividade de registrar estes sons pode se tornar um passatempo fascinante, e até mesmo – em uma escala ainda muito pequena no Brasil – uma fonte de renda. Existem, no mercado especializado, CDs com gravações de animais de várias regiões do planeta, além dos discos com sons naturais utilizados para relaxamento e meditação. Há ainda emissoras de TV que freqüentemente necessitam destes sons para a sonoplastia de documentários, filmes e novelas.


"Gravando" o final de tarde no Pantanal
FOTO © Tietta Pivatto, 2004



Para se iniciar nesta atividade de forma amadora, não é preciso muita coisa. Eu comecei – e continuei por muito tempo – utilizando apenas um gravador de bolso, daqueles que usam fitas do tipo “microcassette”, transferindo e editando posteriormente os sons no computador. Existem diversos modelos destes gravadores no mercado, com preços começando na faixa dos 50 reais, e alguns macetes na hora da escolha permitirão um melhor aproveitamento do aparelho em campo.

Se a coisa começar a ficar mais séria, existe um grande mercado especializado em equipamentos de áudio, desde gravadores digitais, microfones, amplificadores, alto-falantes, fones de ouvido e outros acessórios. É claro que isto tudo acaba se tornando privilégio de poucos, pois o material é caro e geralmente só se encontra à venda no exterior.

Eu achei a solução para parte destas limitações através da criatividade. Um refletor parabólico (utilizado para dar direcionalidade ao microfone, quando se quer captar o som de apenas um animal eliminando os demais sons ao redor) pode ser substituído por um guarda-chuva invertido – uma economia de uns 500 dólares... Um shock mount (acessório para reduzir os ruídos gerados no microfone pela manipulação durante a gravação) pode ser montado utilizando um pedaço de cano de PVC e alguns elásticos feitos com câmara de ar de bicicleta (mais uns 100 dólares economizados!).

Estes sons naturais que captamos podem ter várias utilidades, seja pelo nosso simples prazer de escutá-los sempre que quisermos, seja para aprendermos sobre os pássaros, para fins científicos, ou ainda em atividades de educação ambiental.

Podem ser utilizados também no hobby de observação de aves, através da técnica chamada playback, que consiste em tocar o som de determinada ave para atraí-la e vê-la de perto. É uma técnica muito utilizada por guias especializados, e também por fotógrafos de natureza em busca de determinada espécie.

Mas atenção! O playback é uma técnica que deve ser usada com extrema cautela, sendo até mesmo condenada veementemente por alguns. O motivo é que, se aplicado de forma insistente e desnecessária, este recurso pode causar danos muito sérios (até mesmo a morte!) da ave que se pretende atrair. Portanto, antes de pensar em utilizar o playback, procure se informar a respeito através de clubes de observadores de aves e/ou sites na internet.

Agora, aperte a tecla “REC” e bom divertimento!


Socozinho (Butorides striatus) abre o bocão... mas não canta
(ele geralmente só emite sons quando em vôo!)

FOTO © Daniel De Granville, 2005



SAIBA MAIS:

> Ouça o som de algumas aves e mamíferos do Pantanal nas galerias de imagens do Fotograma.

> Comunidade sobre Gravação de Aves no Orkut

> Código de Ética do Observador de Aves

> Nature Recordists - grupo de discussões para interessados em gravação de sons naturais (em inglês).

> Técnicas de Gravação de Sons Naturais (em inglês).