domingo, fevereiro 25, 2007

Gambiarras Fotográficas

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Aves aquáticas no Pantanal, fotografadas com lente grande angular
FOTO © Daniel De Granville, 2004



O texto de hoje é parcialmente inspirado pelo McGyver, personagem de programa de TV dos anos 80 que era capaz de consertar o motor de uma nave espacial usando apenas um elástico de escritório e um palito de dentes quebrado.

Como nós – profissionais da área – sentimos na pele todos os dias, equipamentos fotográficos são muito caros, especialmente no Brasil. Se você procurar por acessórios mais específicos, logo descobrirá que ele provavelmente não é comercializado no país e você terá que importá-lo, o que significa no mínimo uns 70% a mais em impostos, fora taxas. Em outras palavras, um fotógrafo que compra material de trabalho no Brasil vai pagar mais do dobro do preço médio praticado nos EUA ou Europa. Uma lente da Canon que lá custa pouco mais de US$ 1.000 (ou R$ 2.100), por exemplo, nas lojas de São Paulo é encontrada a R$ 5.300 (US$ 2.550) em média...

Levando em conta o rendimento médio por aqui, muitas vezes a única solução viável para se conseguir determinados acessórios é aplicar o a famosa tática do “faça-você-mesmo” – em outras palavras, ser criativo... e bom de gambiarra!

Eu tenho utilizado bastante esta abordagem com equipamentos para gravação de sons da natureza, um dos meus hobbies durante os momentos de lazer, e agora estou planejando inventar um novo dispositivo para disparar a câmera fotográfica remotamente, tentando obter imagens semelhantes à que abre o presente artigo (e que foi a capa de recente edição da Atualidades Ornitológicas, principal publicação brasileira sobre aves).


Gravando cantos de aves com um “refletor parabólico” de R$ 4,00
FOTO © Tietta Pivatto, 2005



Durante meus trabalhos com a National Geographic como produtor e assistente de campo, vira e mexe precisávamos inventar coisas com o material que tínhamos disponível no meio do nada, portanto nestes momentos peculiares os meus dotes de “gambiarra” eram extremamente úteis! Acho que isto mostra bem como é trabalhar com fotografia de natureza sob condições adversas.
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terça-feira, fevereiro 20, 2007

Fotografando Arte

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. Artesanato da artista plástica alemã Petra Dietrich
fotografado em estúdio em Munique, Alemanha
FOTO: © Daniel De Granville, 2006


Meu principal tema dentro da fotografia é a natureza, tanto pela minha formação acadêmica como pelos interesses pessoais que despertaram em mim o gosto por esta atividade. Mas aos poucos, conforme leio, aprendo, divulgo meu trabalho e recebo solicitações de serviços variados, venho me interessando e praticando outras modalidades de fotografia.

Foi assim que há cerca de 1 ano comecei a produzir fotos de estúdio, tendo trabalhado principalmente com alimentos e artesanatos. Semana passada voltei a me dedicar ao assunto, desta vez clicando obras de arte do artista plástico gaúcho Flávio Scholles, cujo trabalho eu já havia registrado em Munique (Alemanha) em 2006.


Estúdio improvisado no atelier de Flávio Scholles
em Dois Irmãos, RS
FOTO: © Daniel De Granville, 2007


De forma semelhante ao que relatei em um texto que postei há alguns meses aqui no FotogramaBlog, as técnicas e procedimentos adotados para garantir um bom resultado são bem diferentes do que se usa na fotografia de natureza.

Eu destacaria a escolha de boas lentes que não causem distorções (especialmente no caso de fotografar quadros), um tripé que garanta a firmeza do conjunto, a regulagem precisa do balanço de branco (“white balance”) da câmera para garantir fidelidade de cores, um pós-processamento criterioso e – como sempre – muita paciência e atenção aos detalhes (verificar o posicionamento correto da obra, ter cuidado com reflexos indesejáveis, limpar a tela no caso de quadros antigos ou armazenados há muito tempo).

Em breve eu publicarei no meu site a nova Galeria do Mês com algumas destas imagens de estúdio que venho produzindo. Aguarde!


Seção de fotografia de alimentos
no Restaurante Vício da Gula, Bonito, MS
FOTO: © Kiko Azevedo, 2006

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terça-feira, fevereiro 13, 2007

Voando para o Sul

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. Colheita
óleo sobre tela de Flávio Scholles (2006)
FOTO: © Daniel De Granville, 2006


Depois de passar janeiro fotografando natureza no Norte do Brasil, agora é hora de ir para o Sul do país clicar obras de arte. Em breve embarco para Dois Irmãos (RS), onde vou fotografar quadros de autoria do artista Flávio Scholles, que conheci na Alemanha e cuja principal temática é a vida dos imigrantes alemães no Sul do Brasil. Até a semana que vem!
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sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Mata Atlântica, 20 anos depois...

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. A imponente floresta da Ilha do Cardoso
FOTO: © Daniel De Granville, 2007



Mata Atlântica. A segunda floresta tropical mais ameaçada do mundo, que vivia onde hoje vivem 70% dos brasileiros, da qual só restam cerca de 7% da área original, que sofre um ritmo de desmatamento 2,5 vezes mais intenso do que a Amazônia, que possui uma das maiores biodiversidades do planeta, e que... continua linda!

Para mim, a última etapa da viagem que fiz pelos ecossistemas brasileiros teve um gosto especial. Afinal, foi graças a uma visita às cavernas do PETAR em 1986, organizada por um professor do colégio onde eu estudava, que decidi ser biólogo, peguei gosto pelo trabalho como guia de ecoturismo e testei minhas primeiras incursões pelo mundo da fotografia de natureza. Sim, posso dizer que toda a história da minha carreira profissional - e muitos de meus interesses pessoais - começaram naquela viagem. Até 1991, última vez que havia estado lá, foram cerca de 4 idas por ano montando roteiros e conduzindo grupos através da minha antiga operadora Caiguá Turismo Alternativo. E foi nesta mesma região - na Fazenda Intervales - que desenvolvi minha Monografia de Bacharelado com morcegos.


Galeria da Caverna Água Suja, PETAR
FOTO: © Daniel De Granville, 2007



Mas deixando as memórias de lado e voltando para janeiro de 2007, nosso roteiro passou pelo Parque Estadual da Ilha do Cardoso e pelo PETAR, que juntamente com outras unidades de conservação – incluindo a Fazenda Intervales – formam um dos mais significativos trechos contínuos de Mata Atlântica protegidos em unidades de conservação, com aproximadamente 120 mil hectares e algumas centenas de cavernas.

Foi a única parte de toda a viagem onde a chuva resolveu cair incessantemente, atrapalhando um pouco a programação (e as fotos...) mas, ao mesmo tempo, mostrando na pele a origem do termo “floresta pluvial”!



Final de tarde na praia... (Marujá, Ilha do Cardoso)
FOTO: © Daniel De Granville, 2007

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sábado, fevereiro 03, 2007

Cerrado: Jalapão

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. As palmeiras buriti crescem principalmente nas áreas mais úmidas,
formando as chamadas "veredas"
FOTO: © Daniel De Granville, 2007


Continuando a seqüência de artigos sobre a viagem pelos ecossistemas brasileiros que fiz em janeiro, hoje vou falar sobre a região do Jalapão, que vem despontando como um dos mais promissores destinos de ecoturismo do país e, certamente, um lugar muito procurado por fotógrafos de natureza.

Localizado no leste do Estado de Tocantins, nas divisas com a Bahia, Piauí e Maranhão, o Jalapão possui uma área de aproximadamente 53 mil km² cobertos por vegetação típica do Cerrado, com a presença de plantas como o buriti, a lixeira e o já famoso capim-dourado – com o qual é feito o artesanato característico da região.


Peças como cestas, bolsas, bijuterias e enfeites são feitas
a partir do capim-dourado
FOTO: © Daniel De Granville, 2007


Sem dúvidas, o grande barato do Jalapão é se alojar no acampamento tipo safári da Korubo Expedições. Toda a equipe e o esquema da operação são elaborados de forma a deixar o visitante bem à vontade e ao mesmo tempo mostrar o que a região tem de mais interessante, sem esquecer dos cuidados ambientais.

Aproveitando a visão panorâmica a bordo do caminhão da Korubo!
FOTO: © Daniel De Granville, 2007


Para os fotógrafos de natureza, talvez pela época do ano não ser a mais propícia, não vi um potencial especialmente interessante para fotografar fauna (mas lembrem-se que eu estou mal acostumado por viver ao lado do Pantanal!). As melhores oportunidades de fotografia são as belas paisagens de rios, cachoeiras, montanhas, chapadas e dunas.

Cachoeira da Velha, cujo impressionante volume de água
contrasta com uma paisagem quase desértica
FOTO: © Daniel De Granville, 2007


O único ponto negativo é que, a exemplo do que está ocorrendo na Amazônia e outras partes do nosso Cerrado, as grandes lavouras de soja – sem preocupações ambientais – vêm ameaçando seriamente o ecossistema. Resta esperar que a criação de mais unidades de conservação, como o Parque Estadual do Jalapão, possa ordenar estas atividades e garantir a manutenção dos ambientes naturais singulares da região.


Uma árvore solitária rodeada de soja por todos os lados...
FOTO: © Daniel De Granville, 2007

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