segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Carnaval Animal
(ou: "Há males que vêm para o bem")

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."...I will survive..."
Foto: © Daniel De Granville, 2009


Por motivos ideológicos, entre outros, eu não curto Carnaval. Poderia até gostar por ser nosso feriado mais longo, uma boa chance para dedicar tempo a outras coisas que não o trabalho. Mas como sou autônomo e sigo uma agenda profissional pra lá de inusitada, nem isto dá para considerar como positivo no feriadão de Momo. Sei que sou minoria e tenho que aceitar fatos como o relato a seguir, responsável pelo subtítulo da história de hoje. Vamos a ela.

O local oficialmente escolhido como palco para a "Banda Kactus" animar as cinco noites de Carnaval aqui em Bonito fica perto o suficiente de casa para que, desde sexta-feira, não conseguirmos dormir entre 10 da noite e 4 da manhã (os caras tocam bem... alto!). Créu, créu, créu, créu, créu... Fato constatado, decidimos: já que não vamos mesmo conseguir pegar no sono, façamos um pacto de levantar domingão às 4 da manhã e ir pro mato observar bichos.

Nosso despertador toca. Como num passe de mágica, a Banda Kactus se despede dos foliões e começa um silêncio providencial. Ótimo convite para voltar para a cama, mas trato é trato. Lá vamos nós no escuro, dirigindo por entre bêbados e seu lixo na rua para, após pouco mais de 30 km, estarmos no paraíso.

Como sempre na natureza, foi um domingo sensacional. Dentre mergulhos, belas paisagens e plantas, de repente ouvimos o canto de uma ave que nunca tínhamos escutado antes. Procura daqui, procura de lá, eis que o som era na realidade o chamado desesperado de uma pobre perereca sendo devorada por uma cobra-cipó. Enquanto alguns amigos – morrendo de dó da pobre perereca – saíam para um passeio no rio, fiquei fotografando esse “Animal Planet ao vivo”, entendendo que a cena cruel era parte do famoso ciclo da vida.

Final feliz no paraíso
Foto: © Daniel De Granville, 2009


E então, passadas duas horas de disputa, o desfecho surpreendente: após duas tentativas de fuga malsucedidas, com a cabeça já dentro da boca da serpente (eu continuava ouvindo o chamado abafado), eis que o valente anfíbio faz uma manobra indescritível, se safa de seu predador e corre para a água. A cobra vai atrás mas, desta vez, sai perdendo. Cobra rastejando prum lado, perereca nadando pro outro, um final feliz para uma história de Carnaval.

Uma história de arrepiar!
Foto: © Daniel De Granville, 2009

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