Desembarquei no aeroporto de Bonito pouco depois do meio-dia de domingo, após longas 11 horas de viagem partindo de Aracaju, no outro canto do país. Só pensava em chegar logo em casa para um merecido descanso das 3 semanas fotografando pelo Norte e Nordeste – mas não contava com a gratificante parada que iria fazer no meio do caminho.
Tietta chegou alguns minutos atrasada, nos cumprimentamos rapidamente e ela logo interrompeu: “vamos embora já, pois tem um gavião espetacular te esperando na beira da rodovia, prepara tua câmera!”. O atraso e a correria tinham uma boa justificativa.
A poucos quilômetros, um bando de aves se agrupava na cerca de arame e nas árvores ao lado da estrada. Entre elas, urubus, carcarás e uma imponente águia-chilena. O motivo da aglomeração, como fomos descobrir depois, era um tatu atropelado que havia se tornado o banquete dominical.
Desci do carro com a câmera em punho e fui fazendo as imagens (na contra luz e com a iluminação ruim do sol do meio-dia) da águia, que na primeira olhada parecia mesmo um gavião-de-rabo-branco. Enquanto caminhava para me posicionar melhor, um ônibus passou em alta velocidade e espantou a bicharada toda, que levantou voo. Fiquei chateado, achando que havia perdido a oportunidade de fazer alguma foto melhor, mas aí veio o momento mágico: os carcarás, incomodados com a presença daquela ave tão ameaçadora, começaram a atacar a águia para expulsá-la, da mesma forma que bem-te-vi faz com tucano e sabiá faz com caburé.
Corta para o dia seguinte. Segunda-feira. Tietta (sempre ela : -) levanta da cama mais cedo, sai no jardim e de repente me chama ansiosa: “Daniel, vem aqui ver uma coisa e traz a câmera!”. Desperto meio que sem saber o que estava acontecendo, pego a câmera e vou para o quintal, ainda descalço e com a roupa de dormir. Um belo gambá (não confundir com o cangambá ou jaratataca, que solta aquele cheirinho "agradável") desfila calmamente pelo terreno, sobe em um galho da árvore, volta para trás e some em meio às plantas. Por sorte, o equipamento fotográfico ainda estava todo montado, já que tive preguiça de guardar tudo na noite anterior.
O romântico, apaixonado e malcheiroso Pepe Le Gambá é um mamífero da ordem dos Carnívoros (Família Mephitidae), diferente dos gambás verdadeiros que pertencem à ordem dos marsupiais. Ilustração: Divulgação © Warner Bros. Entertainment | Looney Tunes
Moral da história: fotógrafo de natureza não resiste a uma boa oportunidade de trabalhar. Está de folga? Aparece bicho pra fotografar. Vai viajar de férias? Leva a câmera para registrar tudo. Tem que gostar mesmo da profissão!
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Oi, Daniel! Vendo as fotos do gavião que lhe roubou a folga, lembrei de uma notícia que vi hoje no G1, de um gavião que entregou uma ratazana para o seu filhote, em pleno voo. Tenho certeza que vc e a Tietta vão gostar. Confira. http://g1.globo.com/planeta-bizarro/noticia/2010/06/durante-voo-gaviao-entrega-ratazana-para-filhote-em-manobra-radical.html
ResponderExcluirAh, esse guará vermelho no post abaixo é simplesmente maravilhoso. E confesso que eu nunca vi um gambá ao vivo.
Oi Paula, tudo bem? Claro que a gente já tinha visto esta foto sensacional : -)
ResponderExcluirDe qualquer forma, obrigado pela dica. Quando conseguir dar uma passada aqui em Bonito, a gente avisa o gambá para ele vir te dar um oi!