terça-feira, agosto 17, 2010

42 Metros de Sucuri

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Franco Banfi, dentro da água, fotografa de perto a segunda sucuri
que encontramos em nosso caminho até agora.
Foto: © Daniel De Granville, 2010


Pelas próximas semanas estou trabalhando com o suíço Franco Banfi e o tcheco Jiří Řezníček, renomados fotógrafos especializados em imagens subaquáticas que vieram ao Brasil com a meta de fotografar sucuris, arraias de água doce e botos-cor-de-rosa. Para isto, durante 21 dias vamos explorar rios no Cerrado, nas bordas do Pantanal e na Amazônia. Além deles, nos acompanham Shaowen e Jana, também entusiastas da fotografia e apreciadores de aventuras na natureza.

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Eram quase oito da manhã quando saí de casa com um objetivo pouco comum: encontrar sucuris se aquecendo na beira do rio. Após uma sequência de noites muito frias, o termômetro lá fora marcava 12 graus como temperatura mínima da madrugada anterior, e o sol brilhando forte, ainda próximo ao horizonte, prometia um dia mais quente. Perfeito para minha missão.

A primeira etapa da nossa expedição começou aqui em Bonito, sempre com a presença imprescindível do Juca Ygarapé e nosso fiel escudeiro Dudu. Se o desafio de encontrar as serpentes deixava eu e Juca tensos nas semanas anteriores à chegada dos nossos clientes, com a possibilidade de não conseguir cumprir com as expectativas da equipe, o dia inicial de campo serviu para nos fascinar e tranquilizar. Afinal, já nas primeiras horas de nossa aventura – que incluíram descer cachoeiras com um barco lotado de equipamentos pesadíssimos e caríssimos, passar por baixo de troncos caídos, caminhar pelo capim-navalha e aturar os borrachudos que insistem em quebrar o clima bucólico do ambiente – encontramos duas enormes sucuris-amarelas em condições perfeitas para o nosso trabalho.


A casa da sucuri...
Foto: © Daniel De Granville, 2010

Mais aliviados com a sensação de dever cumprido (ainda que nossos exigentes fotógrafos não considerem ter conseguido a foto ideal, o que nos levará amanhã ao mesmo lugar), prosseguimos com as atividades e os encontros com estas serpentes foram se sucedendo. A tal ponto que, após a sexta sucuri avistada, passamos a computar nosso sucesso em metragem total de sucuris (42 metros, até o momento).


... e a dona da casa!
Foto: © Daniel De Granville, 2010


Vale lembrar que, devido à dificuldade de avistagem que normalmente estes animais representam e pelo fato de ser o objetivo mais importante da viagem, 70% do nosso tempo em Bonito havia sido reservado para buscá-las. Como tivemos uma taxa muito grande de sucesso já nos primeiros dias, resolvemos investir no segundo bicho de nossa lista, as arraias de água doce. Aqui, novamente, sucesso e meta (quase) atingida, afinal encontramos vários destes peixes posando para Franco, Jiří e companhia no fundo do rio.

Franco se diverte com uma arraia rodeada de peixinhos...
Foto: © Daniel De Granville, 2010

Em resumo, estamos no dia 9 da expedição e já encontramos dois dos três animais principais procurados por nossos clientes, o que significa mais tempo para conseguir fotos ainda melhores e explorarmos outras belezas naturais que estas regiões oferecem, como jacarés, araras, montanhas, grutas e rios cristalinos repletos de peixes. Daqui a alguns dias é hora de partir para o Mato Grosso e, finalmente, para a Amazônia. Aguarde as novidades!

Além de sucuris, arraias e jacarés, o programa inclui
relaxantes mergulhos em rios cristalinos repletos de vida.
Foto: © Daniel De Granville, 2010
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sexta-feira, agosto 06, 2010

Photo in Natura Made in Japan!

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.Chamada para a matéria sobre o Brasil no site da Sotokoto
Foto: autoria não informada (ou talvez esteja no texto...)


Acaba de sair a edição n° 135 (Setembro 2010) da Sotokoto, revista japonesa de variedades e estilo de vida ao ar livre. O destaque da edição é “Brasil, Paraíso da Biodiversidade” e a capa traz a foto de um casal de araras-azuis. O Pantanal e Bonito ganharam 10 páginas! Delas, duas trazem 17 fotografias e uma entrevista sobre minha vida como fotógrafo e guia no Pantanal.

Capa da Edição n° 135 da Sotokoto


Espero que a publicação ajude a nos trazer mais visitantes deste país tão distante que é um dos líderes mundiais em número de observadores de aves, e cujos turistas sempre demonstram fascínio e empolgação com nossas belezas naturais.

A entrevista merece um capítulo à parte: o amigo Hiroya Hatori, excelente guia de turismo aqui de MS, havia me falado sobre um fotógrafo japonês - Uruma Takezawa - que viria ao Brasil e queria me conhecer, talvez negociar umas fotos para uma matéria. O tempo passou, estava em viagem quando Hiroya me escreveu marcando data para o encontro.

(clique na foto para ampliar)


Era um final de tarde agradável no começo de julho quando os dois chegaram em minha casa, e só então entendi que a visita incluiria uma entrevista. Eu, cheio de coisas no computador para fazer (mas sem a mínima vontade), adorei poder deixar o escritório de lado por algum tempo – e sem peso na consciência, afinal estaria falando de trabalho. O papo fluiu por quase duas horas, enquanto a noite caía e Uruma apreciava o suco de maracujá preparado com polpa dos frutos de nosso quintal. O resultado você confere nas páginas reproduzidas aqui nesta postagem (caso consiga ler em japonês, claro!).

(clique na foto para ampliar)
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terça-feira, agosto 03, 2010

TecnoReciclagem de Volta!

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(Depois de um período de "bloqueio criativo" do TecnoReciclagem, segue a postagem de hoje nesse que é o meu segundo blog)
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Coma a pizza e depois vá mergulhar
para fotografar e queimar as calorias!
Ilustração: © Divulgação, BJ's Restaurant


Comer pizza pode ajudar você a tirar melhores fotos subaquáticas. Num primeiro momento, a afirmação pode parecer no mínimo esdrúxula, mas no mundo da TecnoReciclagem ela faz todo o sentido! Afinal, quem já participou de alguma das Oficinas sabe, por exemplo, que comer queijo fatiado em bandeja de isopor pode ajudar a tirar melhores fotos macro. Então vamos à história de hoje.


Tudo começa aqui, na verdadeira
"Caixa de Primeiros Socorros" :-)
Foto © Daniel De Granville, 2010


CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

Eu fotografo muito pouco debaixo d’água, e quando faço é nos rios aqui de Bonito, onde mergulho a profundidades de no máximo 3 ou 4 metros. Por isto nunca cogitei investir muito em um equipamento para este tipo de fotografia, priorizando aquilo que mais preciso no meu dia-a-dia. As caixas-estanque rígidas dedicadas, por exemplo, são extremamente caras. Além disso, assim que o fabricante muda o modelo da câmera (o que acontece cada vez com mais frequência), este acessório torna-se praticamente inutilizável.

Jacaré-coroa fotografado debaixo d'água em Bonito, MS
Foto: © Daniel De Granville, 2008


Assim, após pesquisar bastante, optei por comprar uma bolsa estanque da conceituada marca alemã Ewa-Marine, que foi trazida para mim dos EUA por um fotógrafo com quem trabalhei em 2008. Com ela já fiz algumas imagens subaquáticas aqui em Bonito, na Amazônia e em Fernando de Noronha, mas constantemente tinha dificuldades em operar alguns dos controles da câmera, o que prejudicava bastante a agilidade necessária na fotografia de natureza.

Bolsa-estanque U-AXP100 da Ewa-Marine
Foto: © Divulgação, ewa-marine GmbH



CAPÍTULO 2: O PROBLEMA

Esta bolsa-estanque da Ewa-Marine é um produto lançado ainda na época das câmeras de filme, cujos controles e botões eram diferentes das atuais digitais. Dentre eles, nas Canon que uso hoje, sempre tive problemas com um comando em especial: trata-se do disco giratório traseiro que permite acesso rápido a várias funções da câmera, além de ser usado na compensação de fotometria e outros recursos. Como a bolsa-estanque é composta de um plástico grosso, e estando com as mãos molhadas, girar o tal disco era sempre complicado para mim. Era!

Câmera Canon EOS 7D (no destaque, o tal disco problemático)
Foto: © Divulgação, Canon Inc.



CAPÍTULO 3: A SOLUÇÃO

Eu já havia tentado resolver o problema colando uma rodela de borracha recortada de uma câmera de ar velha de bicicleta (quem já fez a Oficina TecnoReciclagem vai se lembrar: este é um dos itens mais importantes na caixa de ferramentas de um verdadeiro “tecnoreciclador"!). Porém, os resultados – ainda que razoáveis – não me satisfizeram.

Mas ontem, ao preparar meu equipamento para um trabalho de fotografia subaquática que começo a semana que vem (mais informações em breve), decidi dar uma fuçada na minha “caixinha de primeiros socorros” e encontrei exatamente o que eu precisava! Por algum motivo, eu tinha guardado há anos um desses suportes de plástico que vem nas embalagens de pizza quando você pede por telefone, usados para evitar que a tampa grude no queijo da cobertura. Parece a miniatura de um desses banquinhos de três pernas. Perfeito!

Suporte plástico para tampa de pizza
Foto: © Geoff Lane, Wikimedia Commons


Bastou eu cortar as pernas do suporte na medida ideal que eu queria, dar uma lixada nas pontas restantes para arredondá-las, evitando o risco de furarem o plástico da bolsa, colar no disco da câmera com fita dupla-face e pronto. Agora eu tenho muito mais facilidade de acessar este controle da câmera quando estiver trabalhando debaixo d’água. O melhor de tudo? Além de ser do tamanho ideal, este modelo de suporte que eu tinha em casa vem com um furo no miolo, o que me permite acessar o botão SET da câmera que fica no meio do disco!

De cima pra baixo: (1) Cortando as pernas do suporte plástico no tamanho adequado; (2) Lixando as rebarbas; (3) Colando com fita dupla-face; (4) Resultado final, já dentro da bolsa-estanque. Fotos: © Daniel De Granville, 2010



CAPÍTULO 4: BÔNUS

De quebra, aproveito para postar a solução de outro problema que identifiquei com este equipamento. Uma questão bem mais simples de resolver. Como vamos ter que descer corredeiras com um bote para chegar no local das fotos, fiquei preocupado com o risco de que eventualmente o vidro frontal da caixa-estanque pudesse se quebrar em algum impacto. Como protegê-lo? Fácil! Basta achar alguma embalagem de desinfetante que ia para o lixo e que tenha a medida certa (no meu caso, um diâmetro interno na faixa de 11 centímetros), cortar o fundo na altura adequada, lavar bem para tirar os resíduos, e você acaba de fabricar um sensacional protetor de lente!

... e o desinfetante nem precisa ser das melhores marcas...
Foto: © Divulgação, Grupo Panter


Seus problemas acabaram!
Foto: © Daniel De Granville, 2010


Moral da história (e um dos lemas da TecnoReciclagem):
“Quem guarda, tem!” :-)


Agora vai ser menos difícil fazer fotos como esta...
Foto: © Daniel De Granville, 2008

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