terça-feira, abril 17, 2012

Como será o futuro
para a fotografia de natureza?*

* Por Daniel De Granville com contribuição de Tietta Pivatto.
.
.
Um dia isso já foi floresta...
Foto: © Daniel De Granville | Photo in Natura, 2007

Tem uma coisa na qual estou pensando há tempos e hoje decidi escrever a respeito. Trata-se de uma reflexão sobre como serão feitas as fotografias de natureza em um futuro próximo. Vou tentar explicar minha ideia e minhas angústias.

Que o universo digital deixou tudo mais imediatista já é ponto pacífico: mensagens devem ser respondidas em poucos minutos, textos e vídeos têm que ser cada vez mais curtos, uma variada gama de informações sobre qualquer assunto está disponível em segundos pela internet, fotografias são tiradas e divulgadas mundo afora neste mesmo intervalo de tempo. A tecnologia, que deveria nos trazer mais tempo livre, tem ao contrário acelerado nosso tempo, reduzindo prazos para tudo.

... e isso também.
Foto: © Daniel De Granville | Photo in Natura, 2007

Como não poderia deixar de ser, este ritmo tem um reflexo direto no comportamento das gerações mais jovens. Percebo isto no dia-a-dia, seja nas ruas da minha cidade, acompanhando alunos do ensino médio em viagens de estudo ou no contato em redes sociais. Por exemplo, acho que nenhum deles escuta um CD do início ao fim, geralmente elegem a(s) melhor(es) música(s) do disco e as compram separadamente em sites especializados. Aquela obrigação de comprar um CD inteiro já é coisa do passado. Via de regra, nem uma canção inteira eles conseguem ouvir, noto que geralmente tocam menos da metade e já pulam para a próxima.

Mas o que isto tem a ver com a fotografia de natureza?


A exuberante Mata Atlântica que ainda resta em algumas partes do país.
Foto: © Daniel De Granville | Photo in Natura, 2009

Bem, a prática fotográfica também está seguindo rumo semelhante. De maneira geral, fotografar tornou-se um ato automático, impensado, banal até. Tira-se rapidamente dezenas ou centenas de fotos com o celular e coloca-se tudo no Facebook, no Instagram ou no Flickr – ou dá-se apenas uma olhadela no próprio visor do aparelho, seguida de um clique no botão de “lixeira”. Pronto, lá se foram as imagens para sempre. Um ato tão imediatista quanto tornou-se o mundo da informação. A fotografia, que deveria conter poesia, contando uma história apenas com uma imagem, torna-se apenas um registro efêmero, rapidamente substituído pelo próximo disparo.

Sai a natureza, entra o ritmo alucinante das grandes metrópoles.
Foto: © Daniel De Granville | Photo in Natura, 2009

Porém, fotografar a natureza não funciona desse jeito. Os bichos, as plantas, os fenômenos naturais não vivem no mundo da informação rápida. Aquele passarinho continua comportando-se de maneira muito semelhante à dos seus ancestrais, as flores continuam dando o ar de sua graça em determinada época do ano, o sol continua seguindo seu ritmo há milhões de anos, a onça-pintada continua sorrateira e cheia de caprichos para se mostrar às lentes dos fotógrafos. Estar na natureza testemunhando esses momentos torna a imagem especial e única, por carregar em si todo esse conhecimento e sabedoria que só o tempo e a contemplação conseguem traduzir.

E – desculpem-me pelo pessimismo – a coisa só tende a piorar. A ação humana está degradando os ambientes naturais e reduzindo drasticamente as possibilidades de se encontrar locais conservados, onde as fontes de inspiração dos fotógrafos de natureza ainda estejam disponíveis.

Só com florestas e muita paciência é possível registrar cenas assim.
Foto: © Daniel De Granville | Photo in Natura, 2006

Então, a meu ver temos dois fatores desfavoráveis ao futuro da fotografia de natureza. Por um lado, a atividade exige paciência e respeito a um ritmo cada vez menos compatível com a realidade – temo que poucos das “futuras gerações” conseguirão compreender este aspecto com sensibilidade e dedicar-se horas a ficar parado no mato esperando o momento certo para acionar sua câmera. Ao mesmo tempo, as notícias que ouvimos diariamente sobre o rumo que as políticas ambientais estão tomando são desanimadoras. Se hoje já é difícil fotografar coisas da natureza que há algumas décadas eram relativamente abundantes, amanhã será mais raro ainda. Ou seja, talvez os futuros fotógrafos de natureza precisarão ser mais pacientes do que nós somos hoje, caso queiram mostrar ao mundo imagens espetaculares do mundo natural. Cada vez teremos menos elementos naturais para fotografar, que serão explorados ao máximo. Talvez o imediatismo e a redução da biodiversidade tragam como consequência, entre tantas outras coisas, a redução da riqueza fotográfica. Será um mundo menos colorido esse da fotografia de natureza...
.
.
.

quarta-feira, abril 11, 2012

Foto publicada em livro sobre sucuris

.
.Capa do livro cuja página de encerramento é uma das minhas
fotos de um mergulhador fotografando uma sucuri.
(Reproduzido do site da Technical Books Editora)

Conforme havíamos antecipado em janeiro (ver postagem), acaba de ser publicado o importante e ótimo livro Sucuris – Biologia, Conservação, Realidade e Mitos de uma das maiores serpentes do mundo, organizado pelo Dr. Vidal Haddad Junior, pesquisador da UNESP e do Instituto Butantan.

Minha relação com o livro é curiosa. Na época em que minhas fotos e vídeo dos fotógrafos mergulhando com sucuris fizeram sucesso na internet, além dos veículos de imprensa eu fui procurado pelo Dr. Haddad, que solicitava autorização para publicar uma daquelas imagens no livro (o qual já estava a caminho da gráfica!). Como costumo fazer em casos como este (leia nosso compromisso a respeito no site da Photo in Natura), concordei imediatamente.

A página que encerra o livro traz minha imagem onde
um fotógrafo e uma enorme sucuri interagem sem riscos.
(Foto: © Daniel De Granville, 2010 - reproduzida do original)

Esta semana recebi meu exemplar de cortesia da publicação, com uma bela dedicatória e o prazer de ter contribuído com esta obra tão útil do ponto de vista da educação e desmistificação sobre estas serpentes injustamente temidas. Resta agradecer parabenizar os autores pelo trabalho!



Marcando presença na página de agradecimentos!
(Reproduzido do original, todos os direitos reservados)
.
.
.

segunda-feira, abril 09, 2012

Um feriado fotograficamente produtivo!

.
.Flutuação na Nascente do Rio Bonito, um local pouco
conhecido
da região de Bonito (Mato Grosso do Sul).
Foto: © Daniel De Granville | Photo in Natura, 2012

Em 2010 fiz uma postagem brincando com o fato de nunca conseguir não pensar em tirar fotos durante meus momentos de lazer. Para mim não é incômodo algum ficar procurando bons motivos para fotografar durante um passeio, uma viagem de férias, uma refeição ou uma trivial visita à casa de amigos - pelo contrário, é prazer. Além do mais, eu já vendi várias imagens que havia feito desta forma descompromissada, durante momentos em que não estava oficialmente “trabalhando” - mais uma razão para sempre carregar a câmera comigo : -)

Pizza assando em nosso forno feito
em um cupinzeiro no quintal.

Foto: © Daniel De Granville | Photo in Natura, 2012

Neste feriadão prolongado de Páscoa não foi diferente. Começando com uma pizzada preparada no forno de cupinzeiro de nosso quintal e terminando com o acampamento com a Tietta e amigos próximo a uma nascente da região, consegui desfrutar plenamente meu descanso sem deixar de lado uma das atividades que desenvolvo profissionalmente... Seguem exemplos do que estou falando!

Nascente do Rio Bonito vista do alto.
Foto: © Daniel De Granville | Photo in Natura, 2012


Acauã à espreita na região da Nascente do Rio Bonito.
Foto: © Daniel De Granville | Photo in Natura, 2012


Preparando o forno no cupinzeiro
para assar deliciosas pizzas!
Foto: © Daniel De Granville | Photo in Natura, 2012


Um dos cardumes de peixes que se
pode ver ao longo do Rio Bonito.

Foto: © Daniel De Granville | Photo in Natura, 2012


Uma bela sequência de cachoeiras e represas
naturais ao longo do Rio Bonito.
Foto: © Daniel De Granville | Photo in Natura, 2012
.
.
.