sábado, julho 15, 2006

Trabalhando para a National Geographic, Parte 1

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Instalando a câmera fotográfica com disparador remoto
em um ninho de Tuiuiú a 20 metros de altura!

(foto: Joel Sartore - Joel Sartore Photography)




Mês que vem (agosto) faz um ano que foi publicada na National Geographic a matéria sobre o Pantanal, para a qual eu trabalhei em diversas etapas, desde a pré-produção até a revisão dos textos finais. Sem dúvida este trabalho marcou minha carreira profissional e minha vida pessoal – foi a partir de então que eu decidi colocar a fotografia em primeiro lugar na minha lista de prioridades.

Durante cerca de 4 meses (além de várias semanas dedicadas aos preparativos), ao longo de 2003, viajei por todo o Pantanal trabalhando como assistente e guia para o fotógrafo Joel Sartore, responsável pelas imagens que ilustram a matéria. Foram dias muito puxados e às vezes tensos, mas ao mesmo tempo (como sempre) extremamente gratificantes. A lista de histórias engraçadas e absurdas mereceria um blog à parte, quem sabe um dia eu me dedico a isto...

Desde caminhar em um rio repleto de arraias, piranhas e jacarés para posicionar a câmera remota subaquática em busca do melhor enquadramento, até o inusitado bote de uma sucuri que nos errou por poucos centímetros, quando estávamos com água até a cintura. Ou o avião onde eu precisava ficar pressionando um botão do lado de fora da cabine (!) para que os flaps das asas funcionassem. Ou o dia em que atolamos a caminhonete do nosso amigo e motorista Vavá no final da tarde e, após caminhar alguns quilômetros no brejo carregando a mala com filmes e equipamentos, acabamos dormindo na estrebaria de uma fazenda, em cima dos baixeiros usados sob o arreio dos cavalos. Ou a vez em que tive de ser levado de avião para a cidade devido a um problema de saúde misterioso, que nem o médico soube diagnosticar – no fim era só um berne na cabeça...

Tem também a cena da “câmera de pântano” (nome chique que escolhemos para impressionar as pessoas, segundo Sartore), provavelmente uma das melhores: ela era posicionada no meio do brejo, ficando dois dedos acima da lamina d’água. Certa vez um bagre se enroscou na camuflagem que envolvia o equipamento e uma cegonha cabeça-seca foi atrás dele. A ave ficou puxando o tecido insistentemente até que a câmera mergulhou na lama, enquanto assistíamos tudo pelo monitor remoto sem fio, a cem metros de distância. O que se seguiu parecia surreal. Nós no meio do Pantanal, com os pés dentro da mesma água lamacenta onde a “câmera do pântano” tinha mergulhado, usando o telefone via satélite para ligar para os técnicos da NG nos EUA perguntando o que fazer: “Devemos deixar o filme secar ou guardá-lo molhado?”. “Tem salvação? Devemos enviá-lo para vocês hoje mesmo ou tentar revelar imediatamente no laboratório mais próximo?”. “A câmera não é o problema, temos outras, mas este rolo de filme tem umas fotos sensacionais!”. Como ninguém sabia a resposta exata, a solução foi simples: telefonar diretamente para a matriz da Fuji no Japão e perguntar. A resposta foi que deveríamos despachar o filme umedecido para os EUA o quanto antes, e assim montamos uma verdadeira operação de resgate, correndo para Cuiabá a tempo de pegar o escritório da FedEx aberto...

Próximo Episódio (em breve): "O Dia em que um Jacaré Perfurou a Nossa Caixa-Estanque com uma Dentada"


Veja os bastidores da matéria, com relatos de Joel Sartore.


Saiba mais: leia trechos e veja fotos da matéria em português, inglês, espanhol, italiano, japonês, holandês, turco ou húngaro!




Joel Sartore e Daniel De Granville saindo para
mais um dia de trabalho no Pantanal

(foto: Andre Thuronyi - Araras Eco Lodge)
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2 comentários:

  1. Anônimo07:22

    Sem dúvida deveria postar mais fatos desta incrível jornada!

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  2. Anônimo22:27

    Tive o prazer de conhecer o Daniel, num curso de fotografia em Bonito MS. Realmente ele é uma "figura". Parabéns e continue narrando suas "aventuras", pois fica muito mais interessante, e muito mais real!

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