quarta-feira, julho 19, 2006

Trabalhando para a National Geographic, Parte 2

(Para ler a Parte 1 desta história, clique aqui)



O responsável pelo estrago deve ter sido um primo do indivíduo aí de cima... | FOTO: © Daniel De Granville, 2006



Continuando as histórias das viagens com a National Geographic, tem uma bacana sobre o dia no qual fizemos a foto que acabou sendo escolhida para abrir a matéria na revista (imagem subaquática de um jacaré com peixes ao redor).

O esquema era o seguinte: eu ficava em pé dentro de uma corredeira repleta de jacarés (repleta MESMO!), com água quase até a cintura, segurando a câmera subaquática com o auxílio de um cabo que adaptamos a partir de um prolongador de rolos para pintar parede. Joel Sartore ficava do lado de fora, a uns 10 metros, acompanhando toda a cena através de um monitor e disparando a câmera remotamente quando via a oportunidade de uma boa foto. E então eu tinha que seguir suas instruções: “mais perto”, “mais pra baixo”, “tá torto”, “pega o jacaré mais de perfil”, “inclina pra cima”, etc, etc. Isto tudo com o equipamento a cerca de 1 palmo da boca dos bichos, já que estávamos usando uma objetiva de 24 milímetros.

Foram 3 dias inteiros de fotografia e tentativas de conseguir “a foto”, aquela que o fotógrafo clica e tem a certeza de que valeu o esforço. E, neste caso, o esforço incluiu o momento mais inusitado de toda a história: eu estava lá tranqüilo, fazendo meu serviço, quando senti um baque forte no cabo da câmera. Pensei que poderia ser uma pedra vindo na correnteza, mas por via das dúvidas decidi checar. Tirei a câmera da corredeira e vi que a cúpula de vidro da caixa estanque estava com um pouco de água dentro. Chamei o Joel, examinamos e vimos uns arranhados e 3 furos na cúpula, fruto da dentada que um jacaré não muito feliz decidiu desferir no nosso equipamento. Por sorte eu tirei a câmera da água a tempo, antes que ela molhasse, e o vidro não quebrou, o que poderia causar um ferimento no nosso amigo crocodiliano (se bem que, pra quem trucida piranhas inteiras com uma bocada, não sei se uns pedacinhos de vidro iam fazer algum mal...).

Nenhum comentário:

Postar um comentário