Quase que nem eu, nem você, conseguimos ver
as fotos desta postagem...
Foto: © Daniel De Granville, 2009 Há pouco mais de 3 anos, em julho de 2006, postei aqui no blog um
texto que continha o seguinte trecho, sobre a vida de fotógrafo em campo:
“... assim como você sofre, o mesmo acontece com o equipamento fotográfico, que é extremamente caro e sensível. Uma falha mínima e todo o seu trabalho pode estar perdido. Isto me deixa em um constante estado de tensão quando estou em campo, até que a fotografia esteja finalmente salva no computador, impressa no papel ou entregue ao cliente...”.
Confesso que o tal "estado de tensão" nunca havia se justificado na prática, já que todos os problemas de ordem tecnológica que enfrentei no mato foram coisas de menor gravidade e facilmente solucionados. Mas esta semana foi diferente.
Acabo de voltar da Amazônia, onde estava realizando a cobertura fotográfica de um evento com médicos de várias partes do planeta. Meu contrato com os promotores previa a realização das fotos durante os 4 dias do encontro, tendo como produto final 100 cópias de um DVD para ser entregue a todos os participantes no encerramento. A correria para cumprir os prazos beirava a insanidade, já que precisava fotografar as atividades durante os três períodos do dia, selecionar e editar as imagens - incluindo algumas feitas por outros participantes - e organizar tudo para queimar os 100 discos na noite final. Além disto tudo, tinha atribuições como um dos guias do grupo - já seria complicado o suficiente se tudo desse certo.
Crianças da comunidade indígena Sateré-Mawê
Foto: © Daniel De Granville, 2009 Na segunda noite de atividades, antes de ir dormir, dei uma pré-editada nas fotos dentro da própria câmera, para já adiantar o serviço. Até então estava tudo bem. Mas no dia seguinte, ao colocar o cartão de memória no leitor para baixar as fotos para o computador, desagradável surpresa: cadê aquelas fotos do primeiro jantar do grupo com o show musical?! E as dos macacos?! Sumiram!!! Das cerca de 200 imagens que deveriam estar lá, apenas 60 apareciam. Desespero, pânico total. Hora de tentar manter a calma e buscar uma solução. Fácil falar...
O primeiro pensamento lógico: se ontem à noite, quando editei na câmera, as fotos estavam todas lá, basta então colocar o cartão de memória direto nela e baixar as fotos usando o cabo USB, ao invés de usar o leitor que deve estar com alguma dificuldade em ler os dados do cartão. Nada feito. Como num passe de mágica (magia negra!) aquelas tais fotos não apareciam mais na câmera também.
Por uma afortunada seqüência de eventos, após mais de duas horas consegui salvar as fotos. Imagine eu em uma pousada no meio da floresta, pesquisando no Google com uma conexão de internet mais instável do que o clima amazônico, sobre programas para recuperação de dados em cartões de memória. E o tempo correndo, o horário da próxima atividade que eu precisava fotografar se aproximando. Primeiro pesquisei programas gratuitos, depois estava até disposto a pagar o quanto fosse necessário, com meu cartão de crédito, para comprar um programa que salvasse a minha pele. E tinha que ser um programa leve, pois se fosse algum arquivo grande eu jamais conseguiria baixá-lo com a conexão oscilando.
Já que senti um alívio indescritível ao ver as minhas imagens recuperadas, seguem detalhes de como consegui a façanha. Espero que não, mas se um dia você também passar por isto, aqui vai a solução que me serviu e pode lhe ajudar.
Encontro das águas dos rios Negro e Solimões
formando o Amazonas
Foto: © Daniel De Granville, 2009 1) Detalhes do equipamento que deu problema: câmera Canon EOS 30D, cartão de memória compact flash Kingston Elite Pro de 4GB, fotos feitas no formato RAW + JPEG com tamanho e qualidade máximas.
2) Software gratuito de recuperação de imagens que usei com sucesso: Zero Assumption Recovery (ZAR 8.4), disponível para
download aqui.
Este link tem um tutorial em inglês sobre como usar o programa (que, apesar de ser uma versão demo, não tem limitações no caso de recuperação de imagens).
3) DICAS IMPORTANTES: (a) assim que o problema for detectado, pare imediatamente de gravar dados (ou seja, fotografar) com este cartão, pois isto pode inviabilizar definitivamente a recuperação das fotos; (b) o ZAR 8.4 funciona de maneira mais eficiente se o cartão de memória for acessado a partir de um leitor de cartões ao invés de usar a câmera com o cabo USB; (c) ele salva as imagens RAW como se fossem TIF, depois basta renomear a extensão dos arquivos de acordo com o formato nativo de sua câmera (CR2, NEF, ORF, etc) e editar normalmente como RAW. A maneira mais rápida e prática para mudar a extensão dos arquivos é o programa gratuito Extension Changer (
download disponível aqui).
4) Eficiência: o programa encontrou até fotos que haviam sido tiradas por mim em fevereiro deste ano (7 meses atrás) e posteriormente deletadas através da formatação do cartão!
Passado o susto, DVDs entregues e cliente satisfeito, é hora de começar a pesquisar as possíveis causas do problema: Calor? Umidade? Defeito no cartão? Na câmera? No leitor? No computador? Após o ocorrido eu não fotografei mais com este cartão, mas usei a câmera com outra mídia e tudo correu bem. Não sei até quando...
Floresta Amazônica com as árvores tachi em flor
Foto: © Daniel De Granville, 2009.
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